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Resenha: Laços de Sangue - Richelle Mead

Título: Laços de Sangue
Autor: Richelle Mead
Editora: Seguinte
Páginas: 440
Sinopse: Sydney estava encrencada. Em sua última missão, ela tinha ajudado a dampira Rose Hathaway a escapar da prisão, e essa aliança foi considerada uma traição grave, já que vampiros e dampiros são criaturas terríveis e antinaturais, ameaças àqueles que os alquimistas devem proteger - os humanos. Com sua lealdade colocada em questão, Sydney se sente obrigada a voluntariar-se para uma tarefa nada agradável - ajudar a esconder Jill Dragomir, uma princesa vampira que está sendo perseguida por rebeldes que querem o poder.
Sinopse retirada do Skoob

Começar a falar um pouco sobre Laços de Sangue, primeiro volume da série Bloodlines, sem antes falar da minha relação com a Richelle Mead seria algo sem lógica, pois nunca vou esquecer-me do quanto tinha vontade de ler algo da autora. Tudo começou anos atrás quando a série Academia de Vampiros foi lançada por aqui. Todos os blogueiros comentavam sobre os livros, sobre a história, os personagens, a trama, mas eu, como leitor p-o-b-r-e-l-a-s-c-a-d-o, nunca pude compra-los. Apenas no começo desse ano realizei o meu desejo e consegui, de uma tacada só, ler todos os volumes de VA. Devo confessar que fiquei órfão com o fim da série, pois a escrita de Richelle é maravilhosa e extremamente empolgante. Há quem diga que as suas histórias comecem um tanto quanto lentas (o que não deixa de ser verdade), porém com o passar das páginas o negócio começa realmente a pegar fogo. 

Em Laços de Sangue, para a alegria desse blogueiro que vos escreve, o foco da trama ainda tem relação com a série anterior. Agora, o leitor acompanha Sydney, uma alquimista que ajudara Rose (personagem de Academia de Vampiros) a sair da prisão. Por causa dessa ajuda, Sydney acaba ficando mal vista entre os alquimistas e, ainda sim, tem que participar de uma tarefa bem complicada e importante: esconder a princesa Jill Dragomir dos rebeldes que a querem fora do poder. Isso acontece devido à lei dos vampiros que diz que caso Lissa não possua um parente com vida para representa-la, a princesa teria que abdicar o trono, fato que causaria uma guerra civil entre os vampiros e, para piorar as coisas, com os humanos.

O que escrevi acima é apenas um aperitivo dessa maravilhosa história que não fica nenhum pouco atrás da anterior. Richelle consegue explorar seus vampiros muito bem e arriscaria dizer que de uma forma bem especial já que todas as características são mantidas na narrativa. Comecei o livro estranhando o fato de uma nova protagonista aparecer, pois Rose Hathaway, com seu jeito forte e consistente de ser, sempre me convenceu acerca de seus pensamentos e sentimentos. Para minha surpresa, Sydney, apesar de ser completamente diferente de Rose, conseguiu chamar e prender a minha atenção. 

A narrativa consistente só colaborou para a agilidade da leitura. Em vários momentos, confesso, tive que deixar o livro de lado para que não pudesse acaba-lo tão facilmente. Poucos os autores me prendem com histórias sobrenaturais, ainda mais quando vampiros estão presentes.

A obra é uma daqueles que possuem todos os elementos necessários para que haja uma boa relação entre autor, trama e leitor. Ação é o que não falta. Sangue também não. E evidentemente que o romance também não poderia ficar de fora. Esses aspectos tão presentes e notáveis na narrativa acaba diferenciando o trabalho da autora. Além disso, todas as ligações entre as ações, falas e pensamentos dos personagens foram elaboradas de forma satisfatória e muito condizente com toda a situação presente na intriga geral do texto. 

Finalizo essa resenha com muita empolgação, pois a vontade de ler o segundo livro é muito grande. Todas as minhas expectativas, que não eram poucas, foram superadas e por isso recomendo muito essa trama. Entretanto, acho legal que o leitor faça a leitura da série Vampire Academy antes, independentemente de Laços de Sangue ser um livro completamente entendível sem essa leitura prévia, pois alguns termos e personagens presentes nesse livro fazem parte da série anterior. Entendam-me, coisa de fã.

Resenha: Fumaça e Espelhos - Neil Gaiman

Título: Fumaça e Espelhos
Autor: Neil Gaiman
Editora: Lettera
Páginas: 228
Sinopse: Dos 31 contos (e poesias) que compõem Fumaça e espelhos, são poucos os que não surpreendem de cara pelas idéias. E os que não chamam atenção nas primeiras linhas geram várias surpresas posteriores, pois você nunca sabe se aquele jovem pacato é um lobisomem ou se o heróico narrador do conto é o assassino. Ou mesmo o assassinado. Fumaça e espelhos é uma coletânea de textos que Neil Gaiman escreveu nas décadas de 80 e 90. Na categoria de escritor ficcionista profissional, ele teve contos encomendados e publicados por diversas revistas e coletâneas, o que logo se nota pela diversidade de temas.
Sinopse retirada do Skoob

Escrever sobre as obras de um dos meus autores prediletos é sempre muito difícil. Afinal, a expectativa sempre tende a aumentar e às vezes isso atrapalha muito no desenrolar da leitura. No entanto, com Neil Gaiman eu fico despreocupado. Sim! Não tem pra onde correr. O cara é sensacional e mais uma vez me provou que ele ainda pode me surpreender muito.

Fumaças e Espelhos é um livro de contos. Geralmente não costumo gostar desse tipo de estrutura em obras, pois acabo encontrando muito altos e baixos ao decorrer da leitura. Porém, com a sua maneira espetacular de descrever cenas, personagens, sentimentos e ações, Neil ganhou meu coração logo no prefácio do livro.

“Cada um destes contos é uma reflexão sobre algo, que não é mais sólido que um sopro de fumaça. São mensagens do país dos espelhos e imagens em nuvens que mudam de forma: fumaça e espelhos, é tudo o que eles são. Mas eu gostei de escrevê-los e eles, por sua vez – gosto de imaginar -, apreciam ser lidos”.  Página 37

Com trinta e um contos, a obra vai ganhado traços bem peculiares enquanto é desenvolvida. Com a narrativa cômica e sem abandonar o lado sombrio das coisas, o autor brinca com a opinião do leitor e com a tenuidade entre o real e o imaginário. Além disso, a quantidade de personagens presentes nos contos é de assustar. Entretanto, por se tratar de Neil Gaiman, só tenho uma coisa para falar: pode ficar despreocupado.

Confesso que fiquei  encantado com a forma que o romancista desenvolveu cada conto. A quantidade de passagens que se alinham com o nosso cotidiano é tão genial que por vários momentos parei e fiquei pensando no que ele estava querendo dizer. Ler Neil é uma viagem transcendente, uma aventura pelo mundo das ideias, da paranoia e do mistério. É algo que dá um prazer imenso e uma vontade louca de ler tudo o que esse homem escreve, até mesmo suas listas de supermercado.   

Eu compro, sim! Mas a culpa é dos hormônios

Título: Eu compro, sim! Mas a culpa é dos hormônios.
Autor: Pedro de Camargo
Editora: Novo Conceito
Páginas: 192
Sinopse: Entenda o comportamento do consumidor e aprenda a comprar com consciência! Este é um livro divertido. O tipo de livro que a gente tem que ler nem que seja só para continuar uma conversa quando aqueles terríveis momentos de silêncio se instalam entre os interlocutores. Mas, além disso, este é um livro sério, muito sério.A proposta sensacional de Pedro de Camargo é demonstrar, da forma mais simples possível, como nosso comportamento de consumo está diretamente ligado aos neurotransmissores responsáveis pelas sensações de prazer. 
Sinopse retirada do Skoob

Entender quais são os motivos que levam a sociedade a ter esse consumo descontrolado sempre foi algo que despertou minha curiosidade. E tenho quase certeza de que esse foi o grande motivo para que esse livro tenha me interessado logo de cara.  Apesar de ser voltado para o público feminino, “Eu compro, sim! Mas a culpa é dos hormônios” tem uma discussão bastante interessante sobre esse mundo do consumismo.

Para impactar o leitor, Pedro de Camargo, o autor, desmitifica a ideia de que os seres humanos são completamente racionais. Loucura? Pode até parecer. Porém, quando entramos no universo das compras, das mercadorias que Ao decorrer das páginas, que infelizmente são poucas, vamos descobrindo as estratégias que são usadas para nos convencer, enquanto consumidores, a comprar seja lá o que for. Com uma linguagem extremamente acessível e muito bem explicada, a narrativa tem uma fluidez tão boa que em poucas horas a leitura pode ser facilmente concluída.

Vários pontos do livro chegam a ser engraçados, pois passamos e convivemos diariamente com esse mundo que acabamos não percebendo várias coisas. Um bom exemplo exposto pelo autor é a questão das músicas tocadas dentro dos restaurantes que nos influenciam um bocado na hora de gastar. Vai dizer que você nunca entrou em um restaurante e aquele sonzinho ambiente bem calmo o prendeu mais alguns instantes ali? Sim, sim! A mesma coisa acontece, por exemplo, nas lojas. Essas jogadas desnorteiam nosso cérebro, supostamente racional, e acaba levando-nos as malditas compras.

Eu não conseguiria classificar “Eu compro, sim! Mas a culpa é dos hormônios” como um livro de autoajuda, pois ele me pareceu um estudo bem detalhado, com uma linguagem mais simples, que despertou mais ainda minha curiosidade a cerca do tema. É aquele típico livro que te faz parar e pensar no quanto as pequenas coisas, os detalhes são esquecidos e deixados de lado. 

Confesso que minha vontade, após o termino da leitura, foi distribuir um exemplar para cada pessoa que conheço visto que me senti tão confortável e, ao mesmo tempo, perplexo que seria uma atitude muito egoísta não recomendar essa fabulosa obra para qualquer pessoa. Inclusive para você que acabou de ler essa resenha! Quer um conselho? Não ache seu cérebro tão racional assim. Afinal, em uma sociedade capitalista como a nossa, muitas vezes quem fala mais alto é simplesmente a sua vontade incontrolável de consumir. 

A Outra Vida - Suzanne Winnacker

Acompanhar distopias tem sido uma das melhores coisas que tenho feito nos últimos meses. Logo depois que fui fisgado pelo enredo de Jogos Vorazes, esse estilo literário se abriu amplamente para mim. Li muitos lançamentos, mas também procurei ler os clássicos distópicos, como por exemplo, Admirável Mundo Novo, lançado em 1932 por Aldous Huxley. Ao me aprofundar tanto no gênero, acredito que o meu senso crítico tenha aumentado um pouco e provavelmente esse tenha sido o principal motivo para que “A Outra Vida”, distopia da autora Suzanne Winnacker, não tenha me agradado tanto.

Na trama, Sherry é uma adolescente que teve sua vida totalmente mudada após uma grande epidemia que assolou a grande Los Angeles. Por causa do vírus, a garota passou a morar com sua família em um abrigo completamente isolado por ordens do governo. Após três anos sem ver o sol, Sherry e seu pai decidem sair do local depois de verem os armários vazios. Para o espanto de ambos, a cidade está vazia, mas cheia de surpresas. E isso não bom, pois a garota descobrirá da pior forma o que aconteceu com os humanos infectados.

A arte da capa desperta instantaneamente a curiosidade do leitor.

É notório o quão interessante o enredo parece ser, certo? E na verdade ele é. Entretanto, as expectativas que depositei na narrativa não foram atendidas. A Outra Vida é uma obra cheia de altos e baixos, mas recheada de tensão do início ao fim. Com uma narração bastante detalhada – o que me irritou em diversos momentos -, a autora pecou pelo excesso. Em várias ocasiões, me incomodei com as palavras ditas por Sherry e com seus pensamentos contraditórios.

Por ser uma distopia mais voltada para o público jovem, o romance faz parte da trama, porém não está em primeiro plano. Os clichês amorosos estão presentes, mas de forma contida e muito bem encaixados. A fluidez é muito boa e faz com que as páginas passem voando. Um dos elementos que mais chamou atenção foi o rico desenvolvimento das cenas de ação que revelam pontos interessantes para o clímax da obra.

A edição brasileira, lançada pela editora Novo Conceito, foi bem elaborada e possui uma ótima revisão ortográfica. Com pouco mais de duzentas e setenta páginas, o livro é uma boa opção de entretenimento para leitores que buscam uma distopia mais leve e sem muito romance. Gostaria de ter me envolvido mais com a narrativa já que esse é o primeiro volume de uma série. Mesmo com todos os problemas, acho praticamente impossível não sentir vontade de ler as continuações já que Suzanne Winnacker fez um desfecho sensacional e muito curioso. 

Deuses Americanos - Neil Gaiman

Olha só quem está de volta! Exatamente, voltei.  Sim, sim, sei que abandonei o blog e não falei nada pra vocês, mas a correria do dia a dia tem me impossibilitado de postar com a frequência que gostaria. Por isso, mais uma vez, peço desculpas pelo sumiço.  

Depois de algumas leituras bem pesadas, entrei em uma ressaca literária daquelas e graças a genialidade de Neil Gaiman consegui me salvar. Peguei Deuses Americanos, o quarto romance publicado do autor, e me surpreendi com a narrativa, os personagens, a crítica que está presente no texto e, obviamente, com a trama da história. 

Resolvi fazer um vídeo explicando um pouco das minhas impressões a cerca do livro, já que teria grandes dificuldades em resenha-lo para vocês. De antemão, só tenho a dizer que Deuses Americanos já está no topo da lista dos melhores livros lidos no ano. Esse é um exemplo de obra que, inicialmente, mexe com os leitores de forma estranha e com todo esse lado obscuro, a sua história vai ganhado forma e arrebata o leitor a cada virada de página. 

Confiram o vídeo! Tenho certeza que vocês vão querer saber o motivo pela minha mais nova paixão literária.


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Espero que tenham gostado dos meus comentários! Ah, e me respondam, já leram algo do Neil? Como foi a experiência? 

O Menino da Mala - Lene Kaaberbol e Agnete Friis

Sempre gostei muito de histórias que usam como plano de fundo crianças. Não importa se é mais um daqueles juvenis ou até mesmo um thriller psicológico. O negócio é que quando elas estão no meio dos livros é muito provável que a trama irá me conquistar. No entanto, tenho que confessar que não foi isso que aconteceu em O Menino da Mala. Alguns motivos me levaram a essa conclusão e logo vocês irão entendê-los. 

Na trama, conhecemos Nina Borg, uma enfermeira que, em segredo, costuma cuidar de alguns imigrantes ilegais. Sua rotina perigosa fica ainda pior quando, sem querer, decide atender a um pedido de sua melhor amiga Karin - bastava ir à estação de Copenhague para buscar uma velha mala em um guarda-volumes, o que Nina não esperava era encontrar um menino nu e dopado dentro da mala.

Ao mesmo tempo em que nos é apresentado esse ponto da trama, conhecemos alguns personagens que dão um ar mais dramático para a história. Um desses, por exemplo, é Sigita que sem dúvidas é a personagem que mais conseguiu traduzir um sentimento humano e verdadeiro. Para mim, ela é a melhor do livro e sua participação na obra foi o que mais me conquistou.

Super kit que a editora Arqueiro mandou. Adorei essa caixinha! 
Acredito que o enredo proposto pelas autoras tinha tudo para dar certo, mas em vários momentos essa minha ideia foi se contradizendo. A narrativa contribui muito para isso já que, mesmo sendo narrado em terceira pessoa, nem todos os elementos disponíveis para prender o leitor foram usados. 

Os personagens não me agradaram muito. Como falei anteriormente, apenas Sigita me conquistou e foi muito bom acompanha-la. Minha relação com a enfermeira protagonista não conseguiu ser muito boa, pois as características presentes em sua personalidade não me agradaram nenhum pouco. Os antagonistas também não foram tão bem construídos. A verdade é que não consegui me envolver com o livro, apesar de ser apaixonado por histórias desse tipo. 



Um ponto que me chamou atenção foi a homogeneidade das autoras. Em nenhum momento da leitura - repito: em nenhum momento - consegui notar a diferença entre a escrita delas. Isso é legal, mas talvez se essa diferenciação acontecesse minha opinião poderia ter sido totalmente diferente.  

No geral, a leitura não me agradou tanto. Toda a trama poderia ter sido mais bem trabalhada, pois por se tratar de um  thriller, o leitor, no caso eu, não deveria descobrir todo mistério antes da metade do livro. No entanto, não posso dizer para vocês não lerem o livro, afinal ele pode funcionar para outras pessoas. É o que sempre dizem: Nem tudo o que é ruim para você, é ruim para os outros. Portanto, fica a dica!

Nota: O Menino da Mala é o primeiro volume de uma série. Quem sabe a continuação seja melhor? Vou aguardar. 

Legend - Marie Lu

Há muito tempo estava procurando por uma distopia que pudesse me empolgar. Depois de ler A Esperança, último livro da trilogia Jogos Vorazes, me vi órfão de uma história distópica que colocasse minhas opiniões em choque. Mas não dizem por aí que quem procura acha? Pois então, Legend me surpreendeu em vários aspectos e deixou-me "encucado" em outros. Não poderia ser para menos já que Marie Lu, a autora, tem um jogo de palavras que sacode o leitor facilmente, colocando-o em um posição mais complicada que seus próprios personagens. 

Ignorem a cara da criança, beleza? haha 



Em Legend, conhecemos um futuro totalmente controlado pelo estado. Mais uma vez, os Estados Unidos da América estão divididos. Uma parte sendo representada pela República e a outra por Colônias. A história em si tem como cenário a distópica Los Angeles, onde conheceremos os dois protagonistas da trama: Day, um jovem rebelde nascido nas periferias da cidade que é considerado o criminoso mais procurado do lugar devido as baixas notas tiradas na prova em que todas as crianças são submetidas em uma determinada idade, e June, uma jovem da alta elite "republicana", extremamente inteligente (um prodígio, na verdade), que além de alcançar as maiores pontuações no teste, fora designada para a melhor universidade da região. 

Personagens com modos e visões de vidas tão antagônicos não poderiam, é claro, não se encontrar durante a narrativa. E esse encontro, sem dúvidas, mudará a vida de ambos radicalmente uma vez que suas crenças serão colocadas em xeque de uma maneira (particularmente falando) já mais vista em outras leituras. 

Como fã de histórias que possuam essa carga futurística, fiquei feliz com a visão proposta pela autora. Mesmo sendo narrada em primeira pessoa, a narrativa consegue ser bem ampla e justificável. Marie Lu presenteia o leitor com rápidas passagens e com dados bem específicos sobre os assuntos abordados em sua distopia. 

Apesar de gostar dessa agilidade na narração, confesso que me perdi uma ou duas vezes enquanto o lia. Provavelmente estava tão conectado com dados da escritora que acabava não dando atenção as outras frases que apareciam. Ambos os protagonistas têm seus jeitos de ser e mostram, cada um com a sua forma, como é viver em um futuro totalmente ditatorial. 



O livro não é cem por cento elogios, obviamente. Acredito que faltou alguns elementos que poderiam aumentar toda a euforia sugerida pela trama. Como falei anteriormente, a rapidez de Marie não fazia sentido em certos momentos. Momentos esses, aliás, que necessitavam de um pouco mais de calma. Entretanto, acho que tudo que citei pode ser justificado pelo seguinte fato: Legend é o livro de estreia da autora, além de ser o primeiro de uma trilogia. 

O marcador lindão que a editora Prumo enviou junto com o livro. 

Se eu gostei de Legend? Não. Na realidade, eu amei esse livro. (Sim! Mesmo com as falhas que citei.) Com falas super bem trabalhadas, um enredo encantador e com cenas de tirar o fôlego, a trama me conquistou facilmente. Sem dúvidas é uma ótima opção para os amantes de distopias. 

Nota: O segundo livro, Prodigy, será lançado em breve pela editora Prumo que a mais nova parceira do blog. E claro que estou muito ansioso pela continuação.

O Guardião do Tempo - Mitch Albom

À primeira vista, O Guardião do Tempo mais parecia um livro de autoajuda do que qualquer outra coisa. Não é de se esperar outra definição ao dar uma primeira olhada, principalmente em sua capa. No entanto, para minha surpresa,  o livro mostrou-se uma ótima ficção que merece ser lida por todo tipo de leitor. Além de ser um romance muito bem escrito, a obra de Mitch Albom impressiona com os detalhes abordados e com a estrutura usada para compor a narrativa. 


Contado sob o ponto de vista de três personagens, O Guardião do Tempo foi uma das leituras mais despretensiosas que fiz nesse ano. Isso deve-se ao fato de que o autor se preocupou em abordar um tema bem complicado de forma leve. Afinal, entender por que diabos o homem é tão fissurado pelo tempo é uma árdua tarefa. 

No livro, conhecemos personagens simples, mas que possuem uma complexidade interior muito grande. Um bom exemplo disso é Dhor, um homem das cavernas (literalmente) que sempre fora viciado em enumerar as coisas. Inclusive, foi o seu vício que possibilitou o entendimento do tempo. Complexo, não? Mitch, o autor, brinca com isso de uma forma muito original.
  

Além de Dhor, conhecemos Victor e Sarah. Ambos personagens foram muito bem desenvolvidos que, mesmo com suas personalidades bem diferentes (e põe diferente nisso), acabaram proporcionando-me algumas horas de felicidade. O mais legal é que mesmo sem se conhecer, os três protagonistas acabam tendo as suas vidas cruzadas desenvolvendo assim toda a trama. 

Eu fiquei completamente apaixonado pela escrita do autor. Honestamente, não sei como essa história funcionou tão bem. Imagina colocar um personagem que viveu há milhares de anos e outros dois totalmente diferentes um do outro em um mesmo lugar. Definitivamente não é fácil. 






Sei que não falei muito sobre a história, mas posso me explicar: o livro é tão curto que realmente não seria muito legal contar mais alguma coisa sobre ele. Como disse, o peguei sem nenhuma expectativa e fui presenteado com uma ótima história. Terminei a leitura com um largo sorriso no rosto, pois compartilhei momentos especiais ao lados de Dhor, Sarah, Victor e Alli. Sem dúvidas,  O Guardião do Tempo é aquele tipo de obra que vai te deixar com uma sensação de sei-la-o-que muito boa. 

Nota: O livro me empolgou muito. Preciso ler mais coisas de Mitch Albom.  

Inferno - Dan Brown

Dan Brown é dos meus autores prediletos. Adoro as suas histórias, gosto de acompanhar as aventuras de Robert Langdon e as pesquisas do autor. Já li todos os livros dele e não deixaria Inferno, seu recente trabalho, passar de fininho. Peguei pra ler (sempre com muita expectativa lógico) e, infelizmente, me decepcionei um bocado.  

Fiz um vídeo rapidinho explicando o que me levou a ter essa opinião sobre o livro. Sem dúvidas, Inferno está ocupando a posição de "maior decepção literária do ano" e acho muito difícil outro roubar esse lugar. Infelizmente. Confiram o vídeo: 


Nota: Eu realmente não gostei do livro e, por incrível que pareça, estou torcendo por uma adaptação cinematográfica muito boa.  

Memórias Fictícias - Carina Corá

Eu tentei começar essa resenha de várias maneiras e não consegui. É aquela velha historinha: "existem livros que mexem com o leitor", e quer saber? Memórias Fictícias não só mexeu comigo, ele me deixou perturbado. Devo confessar que tive que ler o livro duas vezes (seguidas), pois a história me deixou tão "encucado" que a releitura fora praticamente obrigatória. 

Um livro pequeno, mas totalmente diferente que tudo que li. Com uma narrativa poética, que em muitas vezes tenta romper a linha tênue da realidade, a obra deixa qualquer leitor intrigado com a sua história surreal. Carina Corá trabalhou perfeitamente em uma narrativa que poderia muito bem ter dado errado em vários momentos. Porém, a união de devaneios com toques reais levaram a construção de história extremamente inteligente e original. 


Na trama, Carolina de Lilá é uma garota que já não acredita mais na vida e em toda sua plenitude. No entanto, é uma jovem que ainda possui resquícios de sonhos e desejos em sua mente conturbada. Após a morte do pai, Carol e sua mãe, Tarsila, vão morar em um antigo casarão que pertence a uma freira, aparentemente, bem estranha. 

Estranha e cheia de mistérios, a casa desperta em Carolina um misto de sentimentos jamais vistos. Assim que entra em sua nova moradia, a garota se encanta com uma torre. Acontece que visitar essa construção está fora de cogitação, uma vez que, Bianca, a freira, proibira a entrada de qualquer pessoa no local.

Mas será mesmo que Carolina não vai entrar no lugar? Será que sonhar diariamente com a torre não a faria cometer loucuras? E, por fim, será mesmo que mexer nos segredos dos outros é algo bom? Pois é, só lendo o livro pra saber, meus caros. 

Como disse anteriormente, tive que ler o livro duas vezes. Achei a história tão profunda que em muitos momentos me perdi na leitura - por estar pensado na própria, acreditam? -. E após finalizá-la, percebi o quão legal foi ter pego esse livro em uma manhã chuvosa. 

A história, mesmo tendo alguns pontos soltos, conta com personagens contraditórios e bem complexos. Acredito que a autora fechou a narrativa, que é escrita em estrutura de diários, no momento certo. Memórias Fictícias não é aquele tipo de livro que merece mais trezentas páginas, pois as poucas que o constituem dão conta do recado.  


Aproveito o espaço para agradecer a autora pelo envio do livro e pela oportunidade dada ao blog. Afinal, ter lido essa história foi algo perturbador e  ao mesmo tempo muito gratificante. Aos meus leitores só digo uma coisa: guardem o nome dessa jovem escritora, pois sem dúvida é um talento nato da literatura nacional. 

Nota: Obviamente, o livro entrou para os prediletos. 

Adeus, por enquanto - Laurie Frankel


Existem livros capazes de mudar pensamentos e sentimentos de um leitor. Adeus, por enquanto é uma dessas obras que tem esse poder. É aquele tipo de livro que, após o seu término, a leitura fica em sua mente por dias. Ainda estou em choque com todo o alvoroço que ele causou em mim. Inclusive, não dava quase nada por ele, mas (ainda bem, ainda bem) a narrativa de Laurie me prendeu de uma forma que acabou indo (e não tinha como não ir) para a lista dos prediletos.

O enredo da história é diferente de tudo que eu já tinha lido anteriormente. Na trama, Sam é um programador de um site de relacionamentos online, mas que, sarcasticamente, não possui uma companheira. Extremamente viciado em tecnologia, Sam desenvolve um perfeito programa que o leva diretamente para o amor de sua vida, Meredith. Rapidamente, os dois se conhecem e apaixonam-se um pelo outro, mas após o falecimento de sua avó, Meredith entra em uma depressão profunda. 

Para ajudar sua namorada, o programador resolve criar um algorítimo (perfeito, diga-se de passagem) que permite que Merde converse com sua querida avó. Através de uma projeção, ela consegue se comunicar com a morta por meio de conhecimentos prévios, emails e vídeos. Com o sucesso do programa, o casal decide fazer, do que seria apenas uma forma de dizer adeus, um negócio. Juntamente com Dash, primo da moça, a dupla começa a comercializar o algorítimo, que logo torna-se muito conhecido.  Financeiramente bem, felizes e altamente bem sucedidos, logo eles perceberão que a morte pode não ser um bom negócio. Afinal, o que aconteceria se um deles tivesse que tocar a empresa sozinho? Ou até mesmo se um tivesse que viver sem o outro?

Esse livro realmente me surpreendeu. A trama é muito bem escrita, atual e não é forçada. É aquele tipo de contexto que você fica se perguntando se realmente não existe. Confesso que, apesar das poucas 320 páginas, eu demorei um pouco para concluir a leitura. A forma com que Laurie Frankel, a autora, escreve é bem peculiar: ágil, irônica e muito tocante. A ideia do livro, porém, é completamente absurda. No entanto, é extremamente entendível. Falar sobre morte não é fácil. E se não for feito de maneira original pode fazer com que muitos leitores criem antipatia pela a obra.  

É claro que ao terminar a leitura fiquei me perguntando se esse algorítimo realmente não poderia ser usado. E pior: como eu me sentiria ao usá-lo. Imaginem só que loucura poder falar com alguém que morreu. É confuso, certo? Seria realmente confortável mexer com os sentimentos e lembranças das pessoas? Não sei. Mais uma vez, digo que a forma peculiar com que a autora descreve as cenas fez com que o livro me ganhasse completamente.

Os personagens são tão bem construídos que por muito tempo (tenho certeza) vou me lembrar de cada um. Como não sorrir com as sacadas de Desh? Não se emocionar com o relacionamento de Sam e Merde? Fora os outros personagens que, amavelmente, vão aparecendo nas entrelinhas da estória. Adeus, por enquanto é um romance que brinca com as lembranças e com esse ponto tão temido por todos: a morte. É um livro para aqueles que procuram uma trama emocionante, repleta de surpresas e muito bem desenvolvida.

Nota 1: Lágrimas são pouco pra definir o final desse livro. 
Nota 2: A partir de hoje, leio qualquer coisa de Lauriel Frankel. (Inclusive a lista de supermercado.) 

A Pousada Rose Harbor - Debbie Macomber

Há livros que, apesar de terem elementos narrativos bastantes comuns, conseguem agradar os leitores. Para a minha surpresa, A Pousada Rose Harbor foi um ótimo exemplo de que isso pode acontecer. 

O romance, ambientado em uma pousada, retrata a vida de três personagens bem peculiares. Cada um tem a sua história, seus traumas e pesadelos que aos poucos vão sendo desenvolvidos no livro. Todos eles, é claro, tem algum tipo de relação com a pousada. Narrado ora em primeira e ora em terceira pessoa, pode-se dizer que a autora trouxe para sua obra um pouco de espiritismo e a crença de que o destino molda as vidas das pessoas. 


Foi muito fácil encontrar clichês durante toda obra (o que pode deixar muita gente de cabelo em pé), no entanto os problemas propostos por Debbie Macomber são bem interessantes e instigam o leitor a finalizar as páginas. Por muito, pude notar que o misticismo estava realmente na leitura, pois (acreditem se quiser) a pousada era como um local de redenção e renascimento para quem ali estava.

Honestamente (por mais que o livro não agrade), acho muito difícil alguém não se identificar com algum traço da estória. O enredo é extremamente simples, mas bem amarrado e conduzido. Os dramas, pelo que pude perceber, foram escritos de maneira ágil. Entretanto, devo confessar que achei muitas informações desnecessárias e algumas resoluções bem fracas. A Pousada Rose Harbor não possui reviravoltas surpreendentes (sabe aquelas que deixam qualquer leitor louco?), em compensação, existem muitas lições de vida que, provavelmente, vai te deixar um pouco reflexivo. 




Outro ponto que deve ser destacado é a sutileza empregada nas entrelinhas da narrativa. O texto é muito bem construído e repleto de personagens problemáticos, mesmo sendo o primeiro de uma série. Está presente também alguns elementos sobrenaturais (que não são nem de longe o foco), algo que traduz o lado místico do livro. 

Finalizo esse meu comentário dizendo que o romance tem uma história tranquila, leve e repleta de bordões românticos. É um ótimo entretenimento para aqueles que procuram leituras agradáveis e rápidas. E, claro, para aqueles que gostam de romances com uma carga dramática presente no texto. 

Nota 1: Eu realmente gostei do livro. Não criei nenhuma expectativa e me dei bem. Portanto, fica a dica. 
Nota 2: Debbie, o final poderia ter sido bem melhor, não? 

Um gato de rua chamado Bob - James Bowen

























Sabe aquele tipo de pessoa que não pode ver um anúncio, livro, seja lá o que for relacionado com algum animal que já vai lá e ler? Pois bem, sou desses. Assim que fiquei sabendo da publicação de Um Gato de rua chamado Bob fiquei esperando-o ansiosamente. Sou apaixonado por animais desde que me entendo por gente (é tanto que já quis ser biólogo - até conhecer a biologia da escola - e médico veterinário). Agora imagine juntar o útil (digo: livros) com o agradável (minha paixão pelos bichos) num lugar só! Demais, né verdade? Adianto logo que ler a história de Bob e James despertou em mim sentimentos maravilhosos que, honestamente, não esperava. 

Esse livro não é sobre mais um gato de rua, ele é sobre um gato de rua que mudou a vida de uma pessoa. E, provavelmente, esse tenha sido o motivo pelo qual me apeguei tanto a narrativa que me cativou desde a primeira frase.  A obra se encaixa no gênero autoajuda (e eu corro disso), mas decidi deixar essa minha birra de lado e peguei-o pra ler. 

Ao ler as páginas, vamos conhecendo a história de James Bowen, um artista de rua londrino que ao encontrar Bob, um gatinho alaranjado, na porta de seu apartamento teve sua vida mudada completamente. O mais legal disso tudo é que o leitor vai acompanhado um relato verídico de uma relação muito bonita entre dois seres completamente diferentes. James é quem conta toda a sua história com Bob. Conhecemos os dois em um momento muito complicado da vida do artista: quando ele tentava se livrar das drogas. E por mais incrível que possa parecer, muitas vezes quem o animava a enfrentar seus dias era o bichano. 

Confesso que fiquei muito feliz ao virar a ultima página, pois percebi o quanto a história mexeu comigo. Como disse anteriormente, sou apaixonado por animais. Cresci ao redor de vários e cada um deixou uma lembrança muito boa em minha vida. Hoje eu tenho uma cadelinha e sei o quanto ela importa pra mim. É muito bom chegar em casa e ver toda a sua felicidade transformada em pulos, latidos e muita correria. 

Eu realmente gostei de saber como foi a história de vida de James, a amizade entre ele e o gato e como foi a luta contra as drogas. Espero que muita gente ainda possa ler esse livro, pois além de uma "biografia", ele é um excelente aprendizado para aquelas pessoas que não acreditam em amizade verdadeira.

Nota 1: Desculpem-me se fugi da história. Tenho sérios problemas em descrever livros que realmente gosto. 
Nota 2: Todos os apaixonados por animais devem ler isso. 

Sobre Will & Will: um nome, um destino

Costumo dizer que o mundo dos livros pode te causar sensações jamais imaginadas. Como um leitor viciado, sempre que um autor me agrada muito tento ler o máximo possível do que ele escreveu e claro que não seria diferente com John Green. Desde que li A Culpa é das Estrelas (se você ainda não leu, por favor, leia) as minhas expectativas em relação aos textos do autor cresceram imensuravelmente. Esse negócio de colocar expectativa em algo é bem complicado, pois é aquela velha coisa: você gosta muito de um livro, ai fica louco pra outro e no final a leitura não foi tão boa quanto a primeira. Isso é comum, por isso fiquei com muito medo quando fui ler Will Grayson, Will Grayson (título original do livro). Li e ouvi tantas coisas positivas sobre a obra que precisei ler. E quer saber? Fiquei extremamente surpreso com essa linda história.

Não sei se isso já aconteceu com vocês, mas quando virei a última página só conseguia pensar em uma coisa: eu preciso de mais. Aquela velha sensação de que você poderia continuar convivendo com os personagens por mais 300 páginas sem nem piscar. É claro que todo esse mérito não é apenas de John Green, afinal esse livro foi escrito com a participação de David Levithan. Essa junção foi muito boa e contribuiu para uma das histórias mais legais que li esse ano. 

Nesse momento você deve estar querendo me matar, pois só fiz elogios e não contei nada sobre o enrendo, não é? Pois bem, vamos lá. Essa história é sobre dois Will Grayson: o primeiro (escrito por John Green) é um Will nerd , filho de pais ausentes, gosta de boas músicas, tem um humor bem ácido e é o melhor amigo de Tiny Cooper, o mais extravagante gay de sua escola, que vive a vida sob duas regras: não se importar e calar a boca. Simples. O segundo Will Grayson (escrito por David Levithan) é gay, vive apenas com sua mãe, está quase sempre deprimido e  tem poucos amigos, com exceção de Maura. Atualmente, ele tem um relacionamento virtual com Isaac, um carinha que mexe com o seu coração de um jeito muito peculiar.

É claro que em um ponto da história (e eu não vou contar como e por que isso acontece), numa noite fria em uma esquina de Chicago, os dois Will vão se encontrar (de um jeito bem inusitado diga-se de passagem) e desse encontro irá sair uma das melhores histórias que tive a oportunidade de acompanhar. 

Capa brasileira.
Terminei o livro com lágrimas nos olhos, não por ele ser triste - longe disso -, mas sim por toda a simplicidade e pelos personagens que estão presentes nas entrelinhas. Os assuntos abordados pelos autores são muito bem explorados, como por exemplo os problemas encontrados pelo público LGBT. Fora outros como os relacionamentos virtuais, pais ausentes, aceitação, etc. É um livro muito hilário e comovente, além de ser muito original. Ele quebrou meu coração em vários momentos e, em seguida, colocava-o no lugar com um enredo de tirar o fôlego. E isso aconteceu repetidas vezes. 

Não posso terminar de escrever isso sem falar na narrativa de David Levithan. Esse cara é genial e eu preciso muito ler os livros dele. Sério. Me diverti muito com o Will que ele construiu e confesso que fiquei em êxtase com os rumos que ele proporcionou para a história. 

Como li a versão norte americana, vi que a química entre os autores funcionou muito bem. Aqui no Brasil, a editora Galera Record ficou com os direitos autorais e já publicou o livro. Ele recebeu o título de Will & Will: um nome, um destino (o que só me lembra aqueles filmes de sessão da tarde) e está em fase de lançamento por aqui. Não sei como ficou a estrutura da narrativa, mas eu espero que tenham mantido a original. Sobre a capa brasileira só tenho uma coisa pra dizer: poderia ter ficado muito melhor. 

Nota: I appreciate you, Tiny Cooper. 

Um rápido comentário sobre Retalhos.


Eu nunca tive vontade de ler histórias em quadrinhos. Juro pra vocês. Nem mesmo quando era criança (sou orfão de Marvel, Turma da Mônica, etc). O mais próximo que cheguei disso foi algumas leituras que fiz quando estava na quarta ou terceira série daqueles gibis da Turma do Sesinho (vocês devem conhecer, certo?). E pensando bem, isso é um saco. Eu queria sim ter lido mais esse tipo de texto que, atualmente, acho super bacana.  

Na verdade, eu não sou o maior fã desse tipo de leitura. Coisa minha mesmo. Apesar de adorar os traços (vulgo: os desenhos) presentes em todas as páginas. (Fala sério! Dá pra entender?) Um dia desses, andando pelos corredores da biblioteca lá do colégio, encontrei um gigantesco livro com quase setecentas páginas repletas de desenhos. Contrariando o meu "gosto literário", decidi pegá-lo. E não é que não me arrependi? Devorei essa monstruosidade em poucas horas. (Ok, ignorem o fato de só ter traços em todas - eu disse todas -  as páginas.)

Retalhos é uma história em quadrinhos para jovens adultos. É um livro bem diferente de tudo que eu já tinha lido nessa minha vida literária. Digo isso não só pela história, que é marcada por um toque de melancolia e nostalgia, mas também pela própria forma com que ela é proposta ao leitor. 

Craig Thompson, o autor, nos leva para uma viagem no tempo de sua própria vida. (Calma! Você não leu errado, meu caro.) A graphic novel, outra denominação também dada para a obra, é uma espécie de autobiografia. 

Toda a história tem uma pegada jovem, com pensamentos rápidos e precisos. Porém existe toda uma reflexão por trás, pois conhecemos lembranças de um jovem norte-americano, morador do meio oeste estadunidense, que em meio a muita neve, brigas com o irmão mais novo, questionamentos sobre a existência de um Deus, relacionamento familiar e, claro, o seu primeiro amor (um tanto quanto confuso), que tenta entender o verdadeiro sentido da vida. 

Comparo essa leitura com um belo tapa na cara (daqueles que sempre aparece quando julgamos algo sem antes conhece-lo, sabe?), uma vez que me mostrou que quadrinhos podem despertar sentimentos tão intensos como um outro livro qualquer. Ver como aconteceu a transição do jovem para o adulto na vida dos personagens foi muito bacana. Algo que eu realmente não esperava encontrar. 

Se o livro tem falhas? É claro. Sempre tem uma aqui e outra acolá. No entanto, a surpresa foi tão boa que nem prestei tanta atenção nelas. Afinal, experimentar algo novo exige certo ato de coragem e não é tão fácil assim quanto parece. Finalizo meu breve (mas nem tanto assim) comentário dizendo o seguinte: Se joga! Tem muito livro bom ai fora querendo ser lido. Joga fora esse preconceito literário e liberal geral.



Nota: Depois dessa experiência, pretendo ler mais graphic novels. Alguma sugestão? :) 

[ESPECIAL] Capitães de Areia - Jorge Amado

Título: Capitães de Areia
Autor: Jorge Amado
Editora: Galera Record
Páginas: 256
Sinopse: Publicado em 1937, pouco depois de implantado o Estado Novo, este livro teve a primeira edição apreendida e exemplares queimados em praça pública de Salvador por autoridades da ditadura. Em 1940, marcou época na vida literária brasileira, com nova edição, e a partir daí, sucederam-se as edições nacionais e em idiomas estrangeiros. A obra teve também adaptações para o rádio, teatro e cinema. Documento sobre a vida dos meninos abandonados nas ruas de Salvador, Jorge Amado a descreve em páginas carregadas de beleza, dramaticidade e lirismo.
Sinopse retirada do Skoob

Jorge Amado é outro autor, que assim como Graciliano Ramos, fez parte da segunda geração do modernismo brasileiro. Nascido na Bahia, o romancista é bastante conhecido por suas obras que foram marcadas, principalmente, pelo forte regionalismo discutido em seus textos. Na verdade, o que diferencia um do outro é a forma com que eles expõem essa característica. O primeiro de forma mais lúdica, ou seja, fugindo da realidade e o outro mais invasivo e mais realista. 

Dono de um dos livros que mais denunciam a vida dos moradores de rua, Jorge Amado, ao escrever Capitães da Areia em 1937, faz uma crítica social bem aberta ao modo como as pessoas veem e tratam tais personagens. A história do livro tem como plano de fundo as ruas de Salvador, principalmente na chamada “cidade alta”, onde ficam os mais poderosos. É lá que ficam os Capitães da Areia, um grupo de crianças que fazem pequenos furtos para sobreviver, liderados pelo articulador Pedro Bala. A motivação deles é, basicamente, tirar tudo o que a nata da sociedade de Salvador tem, mas que não precisa. Dessa forma, eles vão vivendo e tentando não passar fome no Trapiche, local onde vivem.

“Sua vida era uma vida desgraçada de menino abandonado e por isso tinha que ser uma vida de pecado, de furtos quase diários, de mentiras nas portas das casas ricas. Por isso na beleza do dia Pirulito mira o céu com os olhos crescidos de medo e pede perdão a Deus tão bom (mas não tão justo também...) pelos seus pecados e os dos Capitães da Areia. Mesmo porque eles não tinham culpa. A culpa era da vida.” (Jorge Amado, 1937, página 115.)

Jorge Amado, ao escrever o romance, o dividiu em três partes, no qual desenvolveu uma ordem cronológica para seguir com a narrativa. Antes de tudo, é preciso notar que o livro é, na verdade, uma denúncia. Ao publicá-lo, o autor, sofreu perseguição e teve vários de seus exemplares queimados, pois para as autoridades aquilo era inconcebível. 

Por mais que tenha sido escrito no começo do século, a trama de Jorge Amado não é muito diferente do Brasil atual. Mesmo narrando de forma imparcial, ou seja, não impondo uma opinião ou assumindo uma posição em relação à vida dos personagens, não tem como não notar que as palavras nada mais são do que as impressões do próprio autor. O regionalismo é marcante e, por isso, várias expressões rotineiras do povo soteropolitano são usadas.

[ESPECIAL] A Terra dos Meninos Pelados - Graciliano Ramos

Título: A Terra dos Meninos Pelados
Autor: Graciliano Ramos
Editora: Galera Record
Páginas: 29
Sinopse: Havia um menino diferente dos outros meninos. Tinha o olho direito preto, o esquerdo azul e a cabeça pelada. Não tendo com quem entender-se, Raimundo Pelado falava só, e os outros pensavam que ele estava malucando. Estava nada! Conversava sozinho e desenhava na calçada coisas maravilhosas do país de Tatipirun, onde não há cabelos e as pessoas têm um olho preto e outro azul.
Sinopse retirada do Skoob




Graciliano Ramos alcançou o seu auge como romancista ao criar e desenvolver o romance “Vidas Secas”, lançado em 1938. Porém, o autor também teve um importante papel ao criar contos que retratavam a realidade da sociedade brasileira e, principalmente, a desigualdade social. 

Um de seus contos mais famosos é “A Terra dos Meninos Pelados”, lançado em 1939, que retrata, em forma lúdica, a questão das diferenças entre as classes e o preconceito. Apesar de ser lúdico, o conto, que se passa em um mundo fantástico, onde tudo é possível e tem importância, transformou a literatura infanto-juvenil brasileira.

Mostrando inovação em sua narrativa desde as primeiras palavras escritas, Graciliano apresenta um protagonista que fugia do normal: um garoto diferente, dono de um olho preto e outro azul, que sofria constantemente comentários maldosos dos meninos de sua rua. Ao fazer isso, ele mostra claramente que ali existia uma diferença, pois por ser “diferente” dos outros, Raimundo acabava ficando de fora do grupo dominante. Dessa forma, o menino acabava se isolando e ficando excluído do convívio social.

Narrado com uma linguagem coloquial, o texto acaba sendo de fácil entendimento uma vez que o autor abusa de frases simples e expressões da nossa rotina. Essa ferramenta utilizada aproxima o leitor aos personagens, deixando tudo mais dinâmico. Outro meio que Graciliano usa é o de colocar o poder de entendimento em criaturas incapazes de tê-lo. Em Tatipirum, cidade na qual Raimundo encontra os meninos pelados, todo tipo de objeto fala: os carros, por exemplo, possuem senso de humor, conseguem se expressar. Vários outros personagens vão sendo apresentados com as mesmas características: a laranjeira, o tronco, a rã, as cobras, a cigarra (representante absoluta dos artistas da cidade) e a aranha (dona da maior indústria têxtil do local). 

Durante toda a construção do texto, o contista faz questão de trabalhar com os neologismos. Na narrativa, vários nomes vão surgindo e tendo significados diferentes dos normais. Em Tatipirum, os personagens humanos possuem nomes extremamente focados nesse fenômeno: Caralâmpia, Pirenco, Talima, Pirundo e Sira são alguns deles. Sem contar, é claro, de muitas palavras criadas para enfocar o mundo fantástico – perfeito, diga-se de passagem – em que o personagem está situado. A metáfora também é usada e pode ser percebida nas entrelinhas de toda a obra. 

O que fica claro é que, ao criar a "terra dos meninos pelados", o romancista acaba desenvolvendo um lugar no qual todos - mesmo com todas as diferenças - possuem vez. Essa terra democrática proposta ao leitor evidencia uma crítica social muito forte e presente na sociedade, apesar de ter sido escrita ainda durante a segunda geração. Por fim, foi misturando essa temática cotidiana ao contexto sociopolítico de Raimundo, ficou evidente a que Graciliano Ramos ao escrever o conto, queria mostrar que existem milhares de meninos com olhos (altura, peso, idade, cultura, condições, etc.) diferentes.

 
Layout desenvolvido e editado por Igor Gouveia