Resenha: Depois daquela viagem - Valéria Piassa

Titulo: Depois daquela viagem

Autor(a): Valéria Piassa Polizzi

Editora: Ática

Páginas: 279

Sinopse: No tom coloquial próprio dos jovens, Valéria Polizzi relata com bom humor e descontração as farras com a turma de amigos, a dúvida entre "ficar" ou namorar, o despertar da sexualidade, a angústia diante do vestibular e muitas coisas que atormentam qualquer adolescente. Tudo isso seria perfeitamente natural se não fosse por um pequeno detalhe que iria fazer uma enorme diferença: Valéria contraiu AIDS aos 16 anos. A autora mostra como, de repente, por causa de quatro letrinhas, sua vida passou por uma reavaliação radical. Ela expõe, sem meias palavras, como a doença mexeu com sua cabeça e com os seus sentimentos, ficando claro a sua resolução de preservar sua condição de ser humano a qualquer custo.

Vamos lá então.  Confesso pra vocês que eu não estava muito a fim de ler esse livro, pois quando eu o peguei na biblioteca lá do colégio, ele estava num estado de pouca conservação (lá tem quatro exemplares e eu peguei o mais desgastado acreditam?) e também a sinopse dele não me agradou muito. Mas como eu estou tentando ultimamente não julgar os livros por suas capas (o que é muito difícil por em prática) decidi pega-lo para ler.  Resultado?  Não me arrependo pela leitura.

O que me encantou com o livro foi o tipo de linguagem que a autora usou pra escrevê-lo, bem estilo jovem, nada de palavras ou termos complicados que acabam deixando alguns livros chatos e o jeito dela contar a história.

O livro é uma espécie de diário da autora, que nos conta sobre sua vida e sobre uma doença que ela convive desde os seus 15 anos, a AIDS. A parti daí você já deve está achando um saco, um tema um tanto clichê, mas olha, eu que sei algumas coisas sobre a doença, pois já participei de campanhas, li algumas matérias, me surpreendi.  O que eu também gostei muito no livro, é que Valéria (a autora e personagem do livro) não fica dando lições de moral do tipo “só transe com camisinha”, “AIDS mata cuidado”, nada disso, ela deixa o próprio leitor tirar suas conclusões.

Valéria tinha sua turma de colegas  na escola, era de uma família rica, estudava numa boa escola, e tinha muitos sonhos como qualquer outra menina da sua idade. Nesse tempo a AIDS na maioria dos lugares, principalmente aqui no Brasil era um grande tabu entre a sociedade e estava relacionada com grupos de risco, como os homossexuais e os usuários de drogas.

Ela sempre viajava com seus pais e com sua irmã, quando em uma dessas viagens ela conheceu um rapaz. Eles moravam em SP, então sempre que podiam se viam. Depois dessa coisa de amizade ela começou a se relacionar com ele e acabou descobrindo da pior forma quem ele era. Começou a sofrer muito, a apanhar e sofreu um bocado.

Nas vésperas de ir para os Estados Unidos para passar um tempo com seus tios em Nova York ela começa a sentir umas dores de estômago e decide ir ao médico, acaba descobrindo que é portadora do vírus HIV. Agora imaginem só:  Uma garota até então “normal”, sem nenhum problema de saúde, descobre que tem o mal do século?  Como ficou a vida de Valéria depois disso?

Depois da descoberta, a autora começa a falar sobre a doença, sobre as consultas e sobre suas viagens (que são ótimas partes), vai para os EUA, faz um curso de inglês, conhece um monte de gente e tenta viver a sua vida com o vírus.

Para ela a AIDS era sinônimo de morte. Só depois de muito sofrimento ela descobriu que existe vida mesmo com a AIDS. Mesmo assim, Valéria mostra que é uma guerreira, que não teme o que está por vir e que irá lutar até as últimas forças para viver. 

Envolvente, misterioso e muito bom, é assim que defino o livro.   Não foi para os favoritos por conta do final que me pegou de surpresa, mas recomendo a todo mundo.   O livro ajuda a você repensar na sua vida (nada de auto-ajuda), coisas que a gente faz e acaba nos mostrando os nossos pré-conceitos.