Como não amar dedicatórias?

Eu sempre fui daquele tipo de leitor que detesta qualquer rabisco em umlivro. Sou realmente chato nesse ponto e só de pensar naquele monte de traços bate um negócio que nem consigo explicar o que é. Coisa de gente chata? Talvez. Mas devo confessar que amo um tipo de rabisco: as dedicatórias. Mas convenhamos? Alguém consegue não gostar delas? Muito provavelmente não. Tem algo mais legal do que ganhar um livro com uma super dedicatória (seja ela de um amigo, um amor, um autor, etc) na primeira página? Eu mesmo fico super feliz quando isso acontece.

Acredito que os livros possuem suas próprias histórias. No entanto, não são só as que eles trazem consigo, mas sim outras: as histórias reais. A sua própria biografia, digamos. Por quem foi lido, onde, como, se quem o leu se emocionou ou não, se marcou seus trechos prediletos, se guardou recordações. Essas coisas. 

Não deixa de olha a nota no rodapé.

Existem vários tipos de dedicatórias: as românticas, os recadinhos, as que funcionam como lembrete, as que são puramente declarações, as de amizades, de parabéns-pra-você-nesta-data-querida-muitas-felicidades-muitos-anos-de-vida, as de agradecimentos. São tantas. E cada uma delas trazem reações e sentimentos bem fortes.

Existe também aquela dedicatória que já vem impressa no livro. (E não. Eu não estou confundindo com os agradecimentos.) Quer ver um bom exemplo? Qual leitor não conhece a tão famosa e instigante dedicatória que está presente em Memórias Póstumas de Brás Cubas, do autor Machado de Assis? Não lembra? Pois olha só: "Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas."

Como ando sempre em sebos costumo encontrar essas palavras escritas para alguém. E, geralmente é uma surpresa bastante legal, pois além de ser muito emocionante ler os sentimentos de alguém para um outro alguém, tentar imaginar quem escreveu aquilo é um exercício formidável. (Ah, e se for invasão de privacidade peço perdão, mas não dá.) 

Detesto rabiscos, mas um livro com dedicatória é um lugar muito mais mágico, pois se torna um livro com duas histórias. Uma delas, obviamente, é a de quem o fez e a outra é aquela que começa antes mesmo de sabermos sobre a que já está feita. 

É por esses e outros motivos que pergunto para vocês: como não amar dedicatórias? 

Nota: Peguei as imagens no Eu te dedico, que é um tumblr que só tem dedicatórias. Acho o projeto super legal! Ah, e para entender segunda dedicatória é  só resolver a equação. O desenvolvimento é o seguinte: 9x - 7i > 3 (3x - 7u) / 9x - 7i > 9x - 21u / -7i > -21u / 7i < 21u = i < 3u (eu te amo, em inglês)  Muito criativa, não? :)